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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2024

O que 0,7% nos revela sobre o estado da Educação em Portugal

Foi com choque, mas pouca surpresa, que li no PÚBLICO que apenas 0,7% dos alunos do 5º ano mostraram nas provas de aferição saber identificar a península ibéria (onde, só por acaso, se situa o nosso país) no mapa. Fiquei chocado com a percentagem tão baixa de alunos capazes desta "proeza", mas se calhar não devia ter ficado. Aliás, se calhar devia de tirar as aspas ao termo proeza. O leitor há de perguntar: Mas porquê? Não é absolutamente lastimável que apenas 0,7% dos alunos saibam identificar a península onde o seu próprio país se localiza? E a minha resposta é que sim, de facto, é. E adiciono: não é só isso que é lastimável. É também lastimável o modelo altamente centralizado de alocação de docentes que, enquanto lhes providencia condições remuneratórias de fazer o país corar de vergonha, lhes oferece pouca ou nenhuma estabilidade no que diz respeito ao local onde lecionam. Um professor do Porto pode neste ano letivo lecionar, por exemplo, na Escola António Sérgio em Gaia,...

Multiculturalismo: pode a divisão unir?

Num mundo cada vez mais globalizado, o contacto entre pessoas de diferentes culturas, línguas e religiões é cada vez mais inevitável. Este tema, com todas as questões que arrasta, gera uma grande discussão. Inegavelmente, existe a necessidade de interação entre culturas e crenças diferentes, mas existe um debate em relação à forma e conteúdo desta interação. Na minha ótica, existe a necessidade de uma adaptação mútua. Tal como não se pode pedir a um imigrante que abdique da sua identidade cultural, não se pode pedir à sociedade que o acolhe que abdique da sua identidade e dos seus valores. À sociedade compete a criação de circunstâncias que promovam a aceitação da diferença, e ao imigrante compete a adaptação à sociedade que o acolheu. Basicamente, os dois elementos devem “dialogar” e estabelecer uma relação simbiótica. Obviamente, nem todos concordarão com aquilo que proponho. Existem aqueles que acreditam que somente a sociedade se deve adaptar ao imigrante que acolhe. Não exercendo,...

Para quem ainda tem dúvidas: Sim, isto é um genocídio!

Aquando do atroz ataque do Hamas a 7 de outubro de 2023, todos nos unimos em (quase) uníssono e reconhecemos a barbárie que havia sido cometida. Milhares de pessoas haviam sido assassinadas, na sua maioria civis. O Hamas mostrava com orgulho os requintes de malvadez com que tinha cometido aqueles crimes indefensáveis. Naquele dia, duas coisas eram evidentes: a primeira era que atrocidades haviam sido cometidas pelo Hamas e a outra era de que Israel iria responder cometendo as suas atrocidades. O que ninguém esperava era a escala das atrocidades e a hipocrisia da resposta internacional. Eu nunca pensei escrever um texto em que atribuísse o crime de genocídio a Israel, mas com o início de 2024 e com o que têm sido meses extremamente dolorosos para qualquer humanista que se preze, torna-se inevitável ser claro em definir as ações de Israel como tal. Declarações como: "O foco está nos danos, não na precisão", de Daniel Hagari das forças armadas israelitas; a alusão ao povo de Ama...