Aquando do atroz ataque do Hamas a 7 de outubro de 2023, todos nos unimos em (quase) uníssono e reconhecemos a barbárie que havia sido cometida. Milhares de pessoas haviam sido assassinadas, na sua maioria civis. O Hamas mostrava com orgulho os requintes de malvadez com que tinha cometido aqueles crimes indefensáveis.
Naquele dia, duas coisas eram evidentes: a primeira era que atrocidades haviam sido cometidas pelo Hamas e a outra era de que Israel iria responder cometendo as suas atrocidades.
O que ninguém esperava era a escala das atrocidades e a hipocrisia da resposta internacional. Eu nunca pensei escrever um texto em que atribuísse o crime de genocídio a Israel, mas com o início de 2024 e com o que têm sido meses extremamente dolorosos para qualquer humanista que se preze, torna-se inevitável ser claro em definir as ações de Israel como tal.
Declarações como: "O foco está nos danos, não na precisão", de Daniel Hagari das forças armadas israelitas; a alusão ao povo de Amalek e a equiparação aos palestinianos por parte de Benjamin Netanyahu; "Há 2 milhões de nazis" de Bezalel Smotrich e o apelo do mesmo à "migração voluntária" dos residentes de Gaza.
As bombas que caem indiscriminadamente em edifícios residenciais, hospitais e escolas.
O número de vítimas deste massacre (que nesta altura já ultrapassam os 25.000), o completo desinteresse no resgate dos reféns que o Hamas ainda detém, a destruição quase completa do norte de Gaza, o atual bombardeamento da zona que havia sido declarada como segura no passado, e a insistência em que o Egito abra a sua fronteira com a faixa de Gaza torna o objetivo claro: tornar as vidas palestinianas insustentáveis ao ponto de que fujam para o Egito de modo a que Israel possa reocupar Gaza e que os palestinianos se transformem num problema do Egito.
A tudo isto se junta a abertura com que Netanyahu, não Smotrich ou Hagari, o primeiro-ministro Netanyahu se declara contra uma solução de dois estados.
Isto e muito muito mais faz com que só quem quer mesmo acreditar na intenção de Israel de se "defender a si mesma" possa acreditar que Israel não age neste momento como um agressor num exercício de castigo coletivo contra um povo inteiro pelos crimes que uma organização que os oprime cometeu.
A dia 7 de outubro de 2023, 1140 pessoas inocentes foram barbaramente assassinadas pelo Hamas. Desde 27 de outubro de 2023 até ao momento, mais de 25.000 pessoas foram mortas em Gaza.
O exército israelita não é um grupo de amadores. Trata-se de um exército bem treinado e equipado. Não podem restar dúvidas de que tudo a que os palestinianos em Gaza foram sujeitos desde 27 de outubro até agora foi deliberado.
Para quem ainda tem dúvidas: sim, isto é um genocídio! E está a ser cometido pelos descendentes das vítimas do Holocausto enquanto o mundo ignora o sofrimento de um povo durante o seu extermínio e jura "nunca mais". Urge que a Europa e os Estados Unidos parem de providenciar apoio a este genocídio. Se não o fizerem, serão tão culpados quanto Netanyahu, Smotrich ou Hagari.
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