Fui surpreendido com a desfaçatez com que um ex-primeiro-ministro (Pedro Passos Coelho) aceitou apresentar o livro “Identidade e Família”, um livro que, baseado nos excertos que a comunicação social partilhou e nas respostas de Paulo Otero ao escrutínio natural a que qualquer pessoa associada a este projeto deveria ser sujeita, parece nada mais ser do que uma tentativa de cimentar o ultraconservadorismo no mainstream da política portuguesa. Os autores do livro escrevem contra a interrupção voluntária da gravidez (IVG), contra a comunidade trans (que categorizam como sofrendo de “distúrbios psiquiátricos”), questionam o papel do patriarcado na opressão milenar das mulheres, defendem a reversão da proibição das terapias de conversão, entre outras várias “pérolas” de muito dúbio valor. Na introdução, o livro apresenta-se como uma resposta a um qualquer plano maléfico daqueles malvados progressistas para destruir a família através de conceções erróneas e enganosas de liberdade individu...
Tal como a tradicional pausa para café sueca – à qual este blog vai buscar o seu nome – este blog visa ser um espaço de exploração de ideias e de diálogo.