De acordo com a mais recente sondagem da Intercampus para as eleições presidenciais, temos três candidatos em empate técnico neste momento – Henrique Gouveia e Melo, que sofre uma quebra significativa no seu apoio (de 27,3% para 20,6%); Luís Marques Mendes, que desliza um pouco (cerca de um ponto percentual para 17,2%); e António José Seguro, que dispara nas sondagens (de 11% em junho para 16,5%). A margem de erro é de 4%.
Esta sondagem é publicada num momento em que o PS sofre
profundas divisões internas advindas na sua maioria dos resultados desastrosos
das eleições de maio. Uma dessas divisões tem sido precisamente relativa ao
candidato presidencial que o PS deve apoiar.
Não obstante a presença de um candidato da sua área política
na corrida, o PS ainda não decidiu quem apoia na corrida para Belém,
sinalizando que espera uma outra candidatura que possa surgir no espaço do
centro-esquerda.
Esta postura não é de agora (já vem da liderança de Pedro
Nuno Santos que queria que António Vitorino se candidatasse). Agora com José
Luís Carneiro ao leme e depois de Augusto Santos Silva ter posto de parte uma
corrida a Belém, as fichas poderão estar em Sampaio da Nóvoa – naquilo que não passa de um amuo
por parte da militância socialista.
A verdade é que enquanto o PSD se uniu rapidamente em torno
de Luís Marques Mendes, o PS não mostra nem capacidade nem disponibilidade para
o fazer em relação a António José Seguro que para além de ser o único candidato
de esquerda com perspetivas de vitória, é um ex-Secretário-Geral do PS tendo
liderado o partido entre 2011 e 2014, antes das primárias pedidas por António
Costa.
É difícil explicar o porquê desta atitude desrespeitosa do
partido em relação a uma figura como António José Seguro, particularmente da
ala Costista do partido, mas é indispensável que o partido se una em torno da
sua candidatura em vez de tentar dividir o voto do centro-esquerda com um
candidato que se fica pelos 4,1% de intenções de voto.
Tenho um imenso respeito por Sampaio da Nóvoa e fiz parte
dos muitos que votaram nele quando se candidatou à presidência da república da
última vez, mas este não é o momento para uma nova candidatura. Não quando já
existe uma candidatura nesse mesmo espaço político.
Perante a hegemonia eleitoral da direita neste momento (só a
AD tem mais deputados do que toda a esquerda junta) estamos perante um momento
em que esquerda tem de adicionar forças em vez de dividir.
A compreensão deste facto parece presente na decisão de criar uma frente de esquerda para as autárquicas de Lisboa em torno de Alexandra Leitão com o apoio do LIVRE e do Bloco de Esquerda – algo que espero ver
replicado em mais autarquias e que julgo poder ser uma solução para futuros
combates eleitorais para lá das autárquicas. A começar já pelas presidenciais
do próximo ano.
A hesitação em torno desta escolha só favorece a direita. O tempo de adiar decisões passou. Seguro é o único candidato capaz de dar à esquerda a presidência da república (algo que a esquerda não tem desde Jorge Sampaio). Não o apoiar seria, além de um desrespeito político, um erro estratégico de proporções difíceis de justificar.
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