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O ódio à solta

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O muro que nunca devia ter sido derrubado

A AD tem por si só mais deputados que a totalidade da esquerda, o PS vê-se reduzido (neste momento) a 58 deputados e o Chega pode vir a ser o segundo maior grupo parlamentar. Perante este cenário de hecatombe da democracia e da esquerda várias são as questões que emergem: Poderia Pedro Nuno Santos ter feito uma campanha melhor? Deveria o PS ter-se abstido na moção de confiança? Que rumo para o futuro e como deve o PS relacionar-se com a AD neste novo parlamento? Todas estas perguntas são importantes e interessantes, mas aquela para qual me sinto mais capacitado para responder é: como chegamos a este ponto? Como é que passamos de uma maioria absoluta do PS em 2022 para ter o PS a disputar o segundo lugar com a extrema-direita? Para a resposta a essa pergunta precisamos de voltar a 2015, o ano em que se formou a geringonça. Nessa altura abriram-se dois precedentes que não se deviam ter aberto. O primeiro foi que se vetou à força mais votada (a coligação Portugal à Frente constitu...

O 25 de Abril e o desvanecer da memória histórica: a importância de recordar e manter Abril

" Graffiti Salgueiro Maia " por FraLiss está licenciado sob CC BY-SA 3.0 . Ontem celebramos os 51 anos do 25 de Abril. Do dia que Sophia de Mello Breyner descreveu como o “dia inicial e inteiro onde emergimos da noite e do silêncio”. Como é tradição, muitos foram os que foram às ruas para de cravo ao peito (ou na mão) simultaneamente celebrar a revolução e reivindicar mais – ato que por si só é uma outra forma de celebrar Abril. Este ano, porém, a sombra da autocracia fez-se sentir. Uma manifestação de extrema-direita no Martim Moniz ilustrou bem a crise dos nossos tempos: existe cada vez mais um segmento da população que prefere o 24 de abril ao dia 25. Uma população que adere a uma visão autoritária, ultraconservadora, xenófoba e racista do que este país deve ser. A manifestação foi organizada pelo Ergue-te (antigo PNR). Não sei quantas pessoas aderiram, mas sei que descambou em incidentes de violência. A extrema-direita e a direita radical vêm-se empoderadas pelo cr...

Luís Montenegro é o arquiteto da queda do seu governo

Perante  a moção de confiança que o governo anunciou que irá apresentar e a previsível rejeição da mesma do PS e do Chega  (aliada à resistência do governo AD a substituir Luís Montenegro como primeiro-ministro), estamos perante um cenário de eleições antecipadas. As terceiras eleições legislativas em três anos, que, de acordo com o Presidente da República, ocorrerão  a 11 ou 18 de maio . O PSD já veio culpabilizar a provável queda do governo no PS e no Chega  com a insistência na narrativa de um casamento que Montenegro bem quer propagar, mas que não tem o mínimo de aderência à realidade. Mas como fazer esse argumento quando o primeiro-ministro teve todas as chances de resolver a situação antes dela chegar a este ponto? Perante a oportunidade que Montenegro teve de  prestar todos os esclarecimentos atempadamente e até antecipar novas questões que pudessem vir a surgir , o primeiro-ministro optou inicialmente pelo silêncio e eventualmente por respostas ins...

Trump e JD Vance devem um pedido de desculpas à América

O lamentável espetáculo protagonizado por Trump e JD Vance hoje é uma humilhação para a democracia liberal americana e ocidental. A dupla rebaixou-se em cada ataque lançado contra Zelensky, um verdadeiro líder que permaneceu ao lado do seu povo num dos momentos mais difíceis da história da Ucrânia – a guerra iniciada pela Rússia. O Presidente Zelensky manteve-se em Kyiv mesmo quando o futuro do seu país era incerto. Num momento em que muitos esperavam que a Rússia alcançasse rapidamente os seus objetivos e chegasse à capital em pouco tempo, ele ficou. Na altura, agências noticiosas conceituadas, como a AP e a Reuters, chegaram a montar transmissões em direto na praça central onde decorreram os protestos do Euromaidan, antecipando uma possível queda da cidade. Contra todas as expectativas, quando lhe foi dada a oportunidade de fugir, Zelensky respondeu com firmeza: “Não preciso de boleia, preciso de balas” – uma declaração que desafiou as ambições imperialistas de Moscovo. Trump teria ...

Uma Europa para lá dos Estados Unidos

Foto de Christian Lue na Unsplash Nas semanas que passaram desde que Trump tomou posse pela segunda vez, vários têm sido os desenvolvimentos que têm confirmado o que desde há muito acreditava: os Estados Unidos não têm os interesses europeus em mente e a Europa deve deixar esta relação de subserviência aos interesses americanos. Seja no que diz respeito à guerra da Ucrânia, passando pelo comércio e pela defesa europeia e parando na interferência mais recente de JD Vance na Conferência de Segurança de Munique onde basicamente fez um comício em nome da direita radical e da extrema-direita europeia, num ato de clara ingerência, a Europa tem recebido várias vezes uma mensagem clara: nós fazemos o que queremos independente do efeito que isso tiver sobre vocês. Um novo rumo no comércio Sendo essa a postura norte-americana, fica claro que a Europa tem que desenvolver parcerias alternativas. A Europa não pode ficar à espera que em 2028, tudo correndo bem, a sanidade regresse à Casa Branca...

Os Democratas precisam de um novo rumo

O período da "Resistência" que se seguiu à primeira vitória de Donald Trump em 2016 foi, por vezes, constrangedor e, na maior parte do tempo, mais focado na imagem do que em política substancial. E, no entanto, dou por mim a sentir falta desses tempos. Por todos os erros que os Democratas cometeram, ao menos podia-se dar-lhes um "20" pelo esforço, mesmo que mal direcionado. No final de contas, culpar os russos, Jill Stein e um pagamento secreto à atriz de filmes para adultos Stormy Daniels pela vitória de Trump revelou-se inútil e desviou o foco dos verdadeiros problemas dos Democratas. A adesão ao pensamento neoliberal, o abandono da classe média e a ênfase excessiva na política identitária levaram-nos a um nível de absurdo que a maioria dos países progressistas da Europa nem sequer imaginaria. Por não terem aprendido as lições de 2016 e continuarem a ignorar as de 2024, a oposição Democrata a Trump tem sido completamente ineficaz (para dizer o mínimo). A sen...